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Tratamento da fissura anal

Sobre a fissura anal

A fissura anal é uma ruptura do epitélio de revestimento do canal anal e é uma das condições mais frequentes na proctologia. Normalmente leva a pessoa ao consultório do proctologista porque costuma incomodar muito após as evacuações. Outros sintomas frequentes são o sangramento e a coceira no ânus. A fissura frequentemente se inicia após um traumatismo, geralmente causado pelas fezes ressecadas. A hipertonia do esfíncter anal, ou seja uma contração excessiva do músculo esfíncter interno do ânus, contribuiu para o aparecimento e perpetuação das fissuras, pois diminui o suprimento sanguíneo no canal anal fazendo com traumas de menor intensidade sejam suficientes para causar novas fissuras.

A localização mais frequente da fissura anal é na linha média, onde o suprimento sanguíneo já é menor pela anatomia dos vasos que irrigam a região. Oitenta e cinco por cento das fissuras estão localizadas na linha média posterior e 10% na linha média anterior.

A fissura é classificada quanto a evolução em fissura anal aguda e fissura anal crônica. Na fissura anal crônica, normalmente após 8 semanas de evolução, é comum observarmos a presença do plicoma que é aquele excesso de pele na entrada do ânus e uma papila hipertrófica na parte interna do canal anal. É comum também a presença de hipertonia do esfíncter anal nas fissuras crônicas.

Tratamento da fissura anal

O tratamento da fissura é inicialmente conservador e tem uma taxa de sucesso de aproximadamente 90% nas fissuras agudas e 60% nas fissuras crônicas. Independente se é uma fissura aguda ou crônica algumas medidas gerais são fundamentais para o sucesso do tratamento.

Medidas gerais

É muito importante para o sucesso do tratamento da fissura anal, retirar os fatores de trauma e melhorar a vascularização local e reduzir a hipertonia do esfíncter anal quando ela está presente. Para isso é fundamental regularizar o hábito intestinal através de mudanças na alimentação. É importante manter o intestino regular, nem preso, nem solto. Não adianta evacuar todos os dias, é preciso estar atento à qualidade das fezes. As fezes tipo 4 da escala de Bristol são as ideais.

Para melhorar o funcionamento intestinal e a qualidade das fezes é importante ingerir alimentos ricos em fibras todos os dias, como frutas, legumes, verduras, cereais e sementes (aveia, chia, linhaça, psylium, semente de gergelim), nozes e castanhas. O excesso de laticínios e alimentos a base de farinha de trigo podem contribuir para o intestino preso. Para quem tem alguma intolerância alimentar como intolerância a lactose, o alimento deve ser retirado da dieta para se evitar a diarreia. Alimentos muito gordurosos e condimentados e as bebidas alcoólicas também podem contribuir para soltar o intestino e devem ser evitados.

A higienização após as evacuações deve ser realizada com água corrente, enxugando com cuidado sem esfregar a região. Lembre-se que temos que retirar os fatores de trauma.

Os banhos de assento com água morna são muito importantes, pois auxiliam no relaxamento do músculo do ânus e causam vasodilatação melhorando a vascularização da região. Toda ferida para cicatrizar precisa ser bem vascularizada. Os banhos de assento devem ser realizados 2 a 3 vezes todos os dias até cicatrizar.

Na fissura aguda

A utilização de pomadas tópicas a base de anestésicos locais, vitaminas ou corticóides não se mostraram superiores ao uso de fibras e emolientes fecais e banhos de assento com água morna. Elas podem ser utilizadas para ajudar no conforto local. No entanto, na maoria das vezes não são suficientes para o alívio da dor mais intensa. Nesse caso analgésicos orais podem ser utilizados com bom resultado.

Na fissura crônica

Além das medidas gerais é necessário a esfincterotomia química através da utilização de medicamentos tópicos que auxiliam no relaxamento do esfíncter anal. Os mais utilizados são o dinitrato de isosorbida e o diltiazem tópicos manipulados em cremes ou pomadas.

Quando ocorre falha no tratamento conservador após 8 semanas é indicado o tratamento cirúrgico com a esfincterotomia cirúrgica (abertura parcial do esfíncter interna para diminuir a contração do mesmo) sendo realizada na maioria dos casos. No entanto, nos casos em que temos uma fissura anal sem hipertonia a esfincterotomia pode não ser realizada.

Uma opção para os casos de fissura anal crônica com hipertonia e que não melhoram com o tratamento conservador é a injeção de toxina botulínica que auxilia no relaxamento do esfíncter anal. A taxa de sucesso na cicatrização da fissura varia entre 70% e 80%.

É importante lembrar que o diagnóstico da fissura só é confirmado através do exame físico. Se você tem sofrido com dor anal após as evacuações procure um proctologista para confirmar o diagnóstico e te orientar sobre o tratamento mais adequado para o seu caso.

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