Em maio é realizada a campanha “Maio Roxo” para conscientizar a população sobre a importância das doenças inflamatórias intestinais e trazer ao conhecimento de mais pessoas duas doenças que ainda são pouco conhecidas, mas que vem aumentando a incidência e prevalência ao longo das últimas décadas. O início da doença é mais frequente em pessoas jovens durante a 2ª e 3ª décadas de vida. Existe um segundo pico de incidência ao redor da 6ª década de vida.
O termo doença inflamatória intestinal (DII) refere-se a duas doenças: doença de Crohn (DC) e retocolite ulcerativa idiopática (RCUI). São doenças que causam uma inflamação crônica no intestino. São consideradas doenças auto-imunes, que é quando uma alteração no sistema imunológico faz com que tecidos do próprio organismo sejam “atacados” pelas células de defesa causando uma inflamação naquela região.
Não existe uma causa única. Sabe-se que o início da doença se dá a partir de uma interação entre o genoma (alterações genéticas que predispõe o aparecimento das DII), o microbioma (conjunto de micro-organismos presentes no nosso corpo mantendo uma relação simbiótico com o hospedeiro), alterações do sistema imonológico e fatores externos (alimentação, processo de urbanização e industrialização, antibióticos e outros medicamentos, etc). Ou seja, não basta ter uma predisposição genética. Precisa ocorrer uma interação desse predisposição com algum outro fator que irá desencadear a doença. Os fatores externos e o microbioma, por exemplo, tem uma papel importante no desenvolvimento da doença de Crohn e da Retocolite ulcerativa. Observou-se um aumento importante no número de casos de DII após o início da industrialização e urbanização e após a descoberta dos antibióticos.
Qual a diferença entre doença de Crohn e Retocolite ulcerativa
Existem algumas diferenças entre as duas. A principal diferença é que a doença de Crohn pode acometer qualquer parte do trato gastro-intestinal, ou seja, da boca até o ânus. Já a Retocolite ulcerativa acomete o intestino grosso. Outra diferença entre elas é que a doença de Crohn normalmente causa inflamação até as camadas mais profundas do intestino enquanto na Retocolite ulcerativa a inflamação é mais superficial.
Quais os sintomas das doenças inflamatórias intestinais?
Os sintomas dependem principalmente de qual segmento do intestino está inflamado e da gravidade da inflamação. Os principais sintomas são diarreia, dor e distensão da barriga, sangramento, urgência dolorosa para evacuar com ou sem muco e sangue, abscessos e fístulas anais, emagrecimento e fraqueza. Os sintomas podem ser intermitentes e ocorrer períodos até longos sem sintomas entre as crises. Por isso é importante ficar atento às modificações do funcionamento intestinal. Diarreia frequente sem outros sintomas graves, principalmente em pessoas jovens, não pode ser ignorada.
Existem manifestações extra-intestinais: nas articulações (juntas), na pele, no olho, no fígado e no sangue. As mais frequentes são as manifestações articulares com dor e inflamação das articulações (juntas) que inclusive podem ocorrer antes das manifestações intestinais. Na maioria dos casos as manifestações extra-intestinais tem relação com a atividade da doença no intestino, ou seja, quando controlamos a inflamação no intestino os sintomas extra-intestinais desaparecem.
Como é o tratamento da doença de Crohn e Retocolite ulcerativa?
O tratamento inicial é com medicamentos na maioria dos casos. Os protocolos de tratamento são um pouco diferentes para as duas doenças. O tipo de medicamento utilizado depende também da localização e da extensão do intestino acometido e da gravidade da inflamação. Importante ressaltar que quase todos os casos necessitam de tratamento de manutenção com algum medicamento o resto da vida. A suspensão dos medicamentos pode ser feita pelo seu médico em casos selecionados e o acompanhamento nesses casos deve ser mais rigoroso. Nunca suspenda o tratamento por conta própria após a melhora dos sintomas, pois a inflamação volta e você pode ficar vários meses ou anos sem sintomas, mas com a inflamação em atividade, o que é um risco. Quanto mais tempo a inflamação fica presente, mesmo que não esteja causando sintomas, mais os riscos de complicações. Por isso é importante o diagnóstico no início da doença.
Casos mais graves ou com complicações podem necessitar de cirurgia. Na doença de Crohn o risco de precisar de mais de um procedimento cirúrgico ao longo da vida é maior que na Retocolite Ulcerativa. Isso não quer dizes que a doença de Crohn é mais grave. Existem casos leves de doença de Crohn e casos graves de Retocolite Ulcerativa.
É importante também fazer um acompanhamento regular com o especialista para verificar se a inflamação está controlada. Esse acompanhamento é feito através das avaliações clínicas nas consultas e através de exames laboratoriais, principalmente o PCR e a Calprotectina fecal. Os exames de imagem como tomografia computadorizada e endoscópicos como a colonoscopia, não precisam ser realizados de rotina no acompanhamento. São utilizados eventualmente para confirmar a cicatrização da mucosa do intestino ou quando há suspeita de complicações.
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