O aparecimento de divertículos no intestino grosso (cólon) é frequente e está associado ao envelhecimento, atingindo mais de metade da população com mais de 65 anos. Em aproximadamente 80% dos casos evoluiu de forma assintomática quando denominamos de diverticulose colônica. A simples presença de divertículos no cólon não necessariamente causa sintomas, portanto é importante ficar atento para não atribuir simplesmente os sintomas à presença de divertículos, pois, em alguns casos, é possível a ocorrência concomitante de outras doenças que podem ter sintomas semelhantes.
Sintomas mais frequentes da doença diverticular
Quando ocorrem sintomas relacionados aos divertículos o termo utilizado é doença diverticular do cólon. A dor abdominal é o sintoma mais frequente e sua característica depende da forma de acometimento. Basicamente dividimos a doença diverticular do cólon em relação à forma de acometimento em não complicada ou complicada.
Na doença diverticular não complicada o sintoma principal é a dor abdominal. Pode ser uma dor em cólica ou uma dor constante que normalmente é aliviada pela eliminação de gazes ou pela evacuação e costuma piorar após as refeições. A localização mais frequente é na parte inferior do abdômen, mais comum do lado esquerdo. Pode ocorrer uma alteração do hábito intestinal em cerca de metade dos casos, mais frequentemente constipação que diarreia e algumas vezes alternância entre elas. Podem ocorrer também inchaço abdominal e flatulência.
Doença diverticular complicada
A diverticulite e o sangramento são as complicações mais frequentes da doença diverticular do cólon. Outras complicações menos frequentes são a formação de fístulas para outras orgãos e a obstrução intestinal.
Diverticulite
A diverticulite é a complicação mais frequente e acontece em 15 a 25% dos casos de doença diverticular. É uma inflamação de um ou mais divertículos e dos tecidos ao redor do intestino e pode evoluir com quadros de infecção mais grave. Na diverticulite a dor pode começar em cólica, mas evoluiu para uma dor contínua que não alivia após as evacuações e vai ficando mais forte e mais frequentemente localizada do lado esquerdo, pois cerca de 80% dos quadros de diverticulite acontecem no sigmóide (segmento do intestino grosso localizado do lado esquerdo).
A alteração do funcionamento intestinal, principalmente constipação, é mais frequente nos quadros de diverticulite do que nos quadros de doença diverticular não complicada. Hiporexia, que é a diminuição do apetite também é frequente e febre pode acontecer em alguns casos. A diverticulite é uma urgência e nessa situação é importante procurar o pronto-atendimento para uma avaliação e realização de exames para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento. Na diverticulite não complicada o tratamento é feito com antibióticos e repouso intestinal nos primeiros dias quando a dieta deve ser mais restrita. Quando o tratamento clínico não resolve o quadro ou quando existem complicações como abscesso, perfurações com peritonite e fístulas o tratamento é cirúrgico.
Sangramento diverticular
O sangramento é a segunda complicação mais frequente e acontece em cerca de 15% dos casos de doença diverticular. O sangramento costuma ser volumoso e precedido de cólica abdominal. O mais comum é a pessoa sentir uma cólica como se estivesse com vontade forte de evacuar e depois tem uma uma evacuação com grande quantidade de sangue. É importante procurar o pronto-atendimento nessa situação para avaliar a intensidade do sangramento. Felizmente 75% das vezes o sangramento para sozinho.
Fístula e obstrução intestinal
A fístula é uma comunicação entre duas superfícies e é complicação pouco frequente na doença diverticular. Os fístulas mais comuns na doença diverticular são para a bexiga e para a vagina. Quando acontece para a bexiga, além da dor na parte inferior do abdômen pode ocorrer saída de ar e fezes pela urina e infecções urinárias de repetição. Quando acontece para a vagina podemos observar corrimentos vaginais persistentes e às vezes eliminação de ar e fezes pela vagina.
Entenda o que aconteceu com o Papa Francisco
O quadro de obstrução total do intestino devido à doença diverticular é raro, no entanto obstruções parciais são mais frequentes, resultado de uma combinação de edema, espasmo do intestino e processo inflamatório crônico. O Papa Francisco foi submetido à uma cirurgia justamente em consequência de um quadro de obstrução parcial do intestino causado pelo processo inflamatório crônico e recorrente nos divertículos. Nessas situações a dor em cólica costuma ser frequente e mais intensa e alterações do funcionamento intestinal mais comuns.